A Arte de Questionar

Na condição de educadora posso dizer que é simples transmitir informações através das exposições em sala de aula. Porém, sinto falta de ser questionada, interessantemente questionada.
Tenho percebido que, na grande maioria, existe uma gigantesca barreira entre aluno e professor no que diz respeito a questionamentos. Seja por parte do professor que muitas vezes se limita a expor o conteúdo sem fazer questionamentos para não “assustar” esse aluno ou pelo próprio aluno que prefere não perguntar para não incomodar a turma ou sentir-se ridicularizado diante da dúvida.
Percebi que somos, em toda a nossa vida escolar, ensinados a aprender ouvindo ou vivendo aquela experiência, mas que por pouquíssimas vezes somos instigados a questionar, realizar perguntas e extrapolar o conceito inicial discutido.
Temos limitado o potencial criativo do ser humano com tais práticas. Barramos o desenvolvimento do pensamento crítico e impedimos o crescimento da arte de criar.
Então, entenda esse texto como um convite a um novo momento, adentre a realidade do senso crítico, mergulhe pelas águas do questionamento aceitando que não haverá volta.
Nesse pensamento, lembrei-me do filme Matrix, quando Neo é encontrado por Morpheus e fica diante das pílulas azul e vermelha. Ali é necessária uma decisão: permanecer na ignorância que conserva suas vantagens ou descobrir a verdade por mais cruel que lhe pareça. Diria que, ao optarmos por um posicionamento mais questionador, receberemos lentes que nos trarão essa visão realista diante dos fatos.
Vale aqui afirmar que, questionar não é afrontar por afrontar. Se assim o for, perde-se o sentido. O questionamento serve de luz em meio à escuridão. Na verdade, o que é a escuridão senão a ausência de luz?
Na sociedade a qual hoje estamos inseridos, podemos dizer que os meios de comunicação contribuem para uma sociedade que não avalia as informações recebidas e muito menos que questione o sistema. A velocidade com que somos informados, a intensidade de dados e os altos (boas notícias) e baixos (notícias ruins) não nos fornece tempo suficiente para pensarmos, questionarmos ou sentirmos aquela informação da maneira adequada.
Portanto, a “famosa” zona de conforto realmente apresenta uma tranqüilidade incomparável, fazendo manutenção do status quo. Mantendo-nos fixos nesse momento que tende a, infelizmente, se eternizar.
Caminhar pelo deserto, enfrentar fortes tempestades de areia, a aridez desse lugar, a sede, a fome, o calor, não parece recompensador. Mesmo que a promessa de um OÁSIS adiante seja pregada com veemência. Não somos estimulados a enfrentar tais desafios. As dificuldades parece sobrepujarem os benefícios.
Além disso, tem a omissão propositada do Estado que prefere um povo inerte, que não reaja e muito menos questione suas ações.
Por isso, a maior dificuldade então é quebrar o paradigma, agir em sentido contrário ao comportamento generalizado da superpopulação.
Por quê? Essa sim considero uma boa pergunta.

Num primeiro momento, o questionamento representa a perturbação da própria paz e mostra verdades inquietantes que muitas vezes preferimos não saber. Mas, aí também encontramos suas vantagens. Ao questionar, descobrimos novas possibilidades, novos pensamentos, descobrimos que podemos criar as coisas. Desencadeamos o processo de mudança apesar, de parecer assustador ao primeiro contato.
O que seria do mundo se não fossem os grandes “criativos inventores”? Provavelmente ainda viveríamos da captação de energia entre a fricção de pedras, estaríamos nos movimentando a tração animal e não teríamos os muitos luxos que hoje podemos desfrutar.
Alguns filósofos vão afirmar que o auto-conhecimento é a chave que inicia esse processo crítico.
E tenho que concordar, pois, se não conhecemos a nós mesmos como poderemos construir o pensamento crítico? Questionar o que? Por que perguntar? Como fazê-lo? O que questionar?
Muito se fala de inteligência interpessoal, ou seja, a capacidade de se relacionar com diversas pessoas em diversos ambientes (definição simplista do conceito); estar no lugar do outro com empatia. Infelizmente, não numa mesma proporção, ouvimos sobre a inteligência intrapessoal que reflete o auto-conhecimento.
Não podemos nos esquecer que essa inteligência intrapessoal também deve fazer parte das habilidades humanas e aqui, dentro dessa discussão, podemos considerá-la fundamental para que o processo seja completo.
Finalmente, não poderia deixar de formular a “pergunta que não quer se calar”:
Quem é você? Por que você é você?

E se alguém tiver essa resposta não deixe de postar aqui e compartilhar com todos uma das grandes perguntas feita pela humanidade e que até o momento ninguém de fato conseguiu explicar. Não com a clareza da luz ao revelar o que outrora estava oculto na escuridão...

7 Comments:

  1. Leticia said...
    Bom professora, essa pergunta realmente é muito complicada pois, todas as pessoas são seres humanos diferentes, então não existe apenas uma resposta para essa pergunta e sim várias, pois cada pessoa é uma resposta diferente.
    O ser humano é muito complicado mesmo!rs...
    Emerson said...
    Bem professora essa pergunta não é questionada principalmente pela sociedade porque ela leva a outras perguntas, como quais são nossos objetivos?, porque só os seres humanos se questionam? Porque matamos? E etcs. A resposta para essa pergunta a sociedade prefere pegar uma teoria já formada, por exemplo, a teoria da igreja, ou a teoria científica.
    Vinícius Nascimento said...
    Lidi,

    Achei interessante suas colocações. Perguntas como a :"quem sou eu?" acredito que nó, humanos, responderemos quando reconhecermos o outro como parte integrante do que sou. É no olhar do outro que me afirmo como ser humano e social e não nas coisas que os homens produzem para seu conforto individual.

    Bjs
    $idney VIP said...
    Meu Deus... como eu sou complexo!!! E olha que muitas das vezes não conseguimos visualizar se quer, as multifacetas que nós mesmo possuimos no corpo, na mente, na alma.
    Eu sou um misto de dúvidas e certezas que me levam a rir e a chorar. E nesse duelo eu vou indo, tentando melhorar e vez em quando caindo ao ponto de querer parar. Mas... de que adiantaria tantas controvérsias, se eu não me colocar a disposição de tentar distingui-las???
    Eu sou sim alguém que não pode, não deve e não vai parar. Se não... vou enlouquecer sem nada fazer. Prefiro enlouquecer tentando acontecer.
    E sou eu, assim... assim sendo, assim aprendendo, assim buscando, assim errando... na certeza de aque de uma certa forma eu vou contribuir para algo melhorar ou piorar. Tomara que eu seja algo ou alguém do bem, pois acho que o mal, já tem muitos secretários.
    Gabriel Guido said...
    Gostei muito do seu texto,concordo com seu ponto de vista e digo mais, deveriam existir mais professores com você!
    Anônimo said...
    Professora, seu texto de ótima qualidade! Faz inquietar o pesamento, isto é muito positivo, principalmente referindo ao nosso povo que tando abaixa a cabeça, deixando de ter a visão a injustiça e a desigualdade social.Sua pergunta: Quem é você? Digo que esta pergunta fica sem resposta, pois ninguém pode ter esta resposta por completo. Porque a consciência de quem es hoje é resultado do que foi no passado, mas o futuro não conheces! No futuro pensará diferente do passado E assim sendo estamos sempre mudando, evoluindo, descobrindo novas maneiras. Você já ouviu alguém dizer assim: Poxa eu pensava assim hoje penso diferente, pois então não tem como afirmar quem somos nós, que nos conhecemos. Agora sua outra pergunta: Por que você é você?Digo que o caráter vai construindo ao longo da vida, e também tem a influencia familiar o ambiente que se vive. O ser humano não nasce pronto, vai se construindo ao longo da vida beijos em seu coração. Helena.
    Suzan Viviane said...
    perfeito! agora percebo que nao sou so eu om pensamentos assim! tudo estranho nao? Acho que o ser humano tem medo de se expressar pois pode ser dado como louco ou ter medo de sua capacidade ir além, mas isso poderia ser pela sociendade em que vive que todos acham que tem que ser iguais. Respondendo a sua pergunta ninguem sabe tanta coisa que nao sabemos, pode ter sido escolha nossa ou nao parece estranho esta vida pderia existir varias ou nao poderiamos ter escolhido, acredito que o que nos vemos hoje nao chega nem perto do que existe lugares sons formas ate mesmo personalidades quantas outras nao devem existir... A resposta pode ser imaginada mas nao pode ser entendida pois nos ainda nao avançamos o suficiente para entender certas coisas é como quando pensamos de mais e ficamos com dor de cabeça, é quando pensamos em morte e nao conseguimos imaginar o que pode vir e se nao vir nao conseguimos imaginar o NADA nosso cerebro nos limita tal vez ou com medo de algo nao vamos mais fundo, mas medo de que? as perguntas atraem mais perguntas...

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